Paga-Pau
Após o deplorável debate dos presidenciáveis nos Estados Unidos da América, muitas bombas explodiram. Uma foi sobre o mundo todo, revelando a total decadência da política da maior potência do planeta. Outra, caiu no colo de Jair Bolsonaro.
Desde que assumiu, o presidente tem feito tudo que pode para agradar Trump, desde liberar turistas yankees sem visto até chamar a China de ameaça global. Assim, uma ruptura provocada pela derrota dos republicanos traria “consequências imprevisíveis”. E tal como Augusto Heleno ameaçou o STF, o democrata Joe Biden afirmou no debate que:
"(...) começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia."
Como de costume, a frase foi rebatida por Bolsonaro em seu local de maior poder e influência: o Twitter. O presidente disse:
“O que alguns ainda não entenderam é que o Brasil mudou. Hoje, seu Presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. NOSSA SOBERANIA É INEGOCIÁVEL.”
E por mais estranha que seja, de fato, a oferta de 20 bilhões ao Brasil para “salvar a Amazônia”, lembrando até a enfadonha campanha norte-americana de comprar a floresta, ela se dá pelo desespero de ver a maior floresta do mundo nas mãos de um governo tão irresponsável.
A ameaça não vem só do candidato à presidência, mas também de fundos de investimentos internacionais e países de todo o mundo, sendo mais marcante o abalo provocado no acordo entre MERCOSUL e União Européia após a displicência brasileira em cuidar do meio ambiente.
As queimadas ilegais, que rendem apoio interno ao presidente e ajudam o agronegócio a lucrar, podem vir a dar mais prejuízo do que lucro em um futuro breve. Se as promessas se cumprirem, as nações do mundo podem levar ao Brasil a uma crise sem precedentes. Entretanto, um enorme pilar sustenta o governo em suas ações: Donald Trump.
Tudo se encaixa. Bolsonaro investiu todas suas fichas na relação com os EUA, deteriorando-a com todas as outras nações na aposta ambiciosa de ser notado e agraciado. Assim como, nos clichês de filme escolar, o valentão da escola tem sempre um comparsa que repete suas falas, ri de suas piadas e é quem de fato bate nos nerds e cdf’s.
Mas, como nos filmes, esse personagem é orbitante. Sem o valentão, ele deixa de existir, sobrando sozinho num colégio onde todo mundo o odeia. O “paga-pau” e o valentão vocês sabem quem são, e a saída de um pode estar próxima.
O problema, que parece não passar pela cabeça de Bolsonaro é: se Trump perder as eleições, tudo o que foi investido se reverte contra ele. Ficará difícil segurar a já mal ajambrada economia brasileira e restará ao presidente somente o que sabe fazer de melhor.
Agradar os seus mais fiéis seguidores, que já de pronto aplaudiram a decisão do presidente, confabulando que o real motivo de interesse do mundo na amazônia é o Nióbio!
Sim, esse mesmo! A nossa riqueza-mor. Talvez seja essa a real estratégia do governo, isolar-se em uma realidade paralela de 20% de votos. O resto, porém, não se impressiona com “Mitadas” e quer planos concretos na mão para confirmar o voto. Mas quem sabe com as riquezas do nióbio e com os 20 Bilhões Paulo Guedes finalmente ache dinheiro para o novo programa social.
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