ALEPH
Tudo da semana em uma só página
Texto por
Thomas Toscano
Queimadas se repetem
As queimadas na Amazônia no ano passado bateram recordes da série histórica e espantaram o mundo todo pela tragédia global e pelo descaso das autoridades locais com a maior floresta do planeta. Foi aí que o mundo conheceu Jair Messias Bolsonaro, presidente aliado ao discurso trumpista de negação dos impactos do aquecimento global e da preservação ambiental.
Bolsonaro se apoia no discurso de que "já que outros países queimaram, posso queimar também!" e se recusa a ouvir críticas da comunidade internacional. Sem tomar medidas realmente efetivas, seu governo carregou a mancha das queimadas por todo o ano passado. Mas nada que não pudesse ser superado.
Nesse ano, não só a Amazônia, mas outros biomas apresentam recordes de queimadas. O Pantanal já perdeu mais de 10% de sua área total, o que de supera de longe o esperado para queimadas "naturais" de época. E as chuvas são previstas só para fim de outubro, até lá a tendência é quebrar mais e mais recordes.
O governo campeão não se reconhece no prêmio. Bolsonaro, na ONU, negou que negligencia o combate à focos de queimada ilegais e culpou "índios e caboclos" pelo fogo. O que parece estranho é que, mesmo os povos indígenas tendo vivido na terra há muito tempo, apenas em 2020 (e também em 2019) que foram batidos recordes de queimadas. Bolsonaro cumpre metade do mandato no final do ano.
Garçom de Lagostas
Com a aposentadoria adiantada do ministro Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Kassio Marques Nunes para ocupar a vaga. Mas quem é esse novo ministro? O que se sabe é que é um homem discreto, diferente da ex-possível nomeação de Moro ou de um ministro “terrívelmente evangélico” como anunciou tempos atrás.
Kassio Marques, ou Kassio Nunes, não reclama do nome que é chamado. Se o chamarem por “Kassião”, dará sorrisos e fará bonança. Tudo sempre a gosto do freguês: sempre concorda e vota como for preciso.
Muito se assemelha a atitude de políticos do chamado Centrão, se mantendo por acordos, favores e lagostas. Pois sim, foi o Kassião mesmo que barrou o projeto de proibição da compra de lagostas para os humildes jantares de ministros do STF.
E agora o garçom é convidado a sentar na mesa. E o anfitrião, Jair Bolsonaro, dá mais um passo para o centro e deixa mais “bolsonetes” para trás. Caio Coppola, no Grande Debate, fez sua mais severa crítica ao governo até então. Aos poucos, os cheios de ideologia vão saltando do barco, que se fortalece em conchavos e contas de restaurante. Quem paga somos nós.
Texto por
Thomas Toscano
Texto por
Thomas Toscano
Cartão Vermelho
Paulo Guedes, o superministro da economia, está próximo de receber "cartão vermelho". A expressão foi usada por ele próprio no mês passado, quando Bolsonaro ridicularizou a decisão da equipe econômico de remover benefícios sociais da classe média-baixa para poder custear o novo Renda Brasil.
O programa, que surgiu após a escalada de popularidade do presidente devido ao auxílio emergencial na pandemia, era uma das principais apostas do governo para se manter popular. Dobrando o Bolsa Família, Bolsonaro buscava seguir os passos de Lula, criando a imagem de novo Pai dos Pobres.
O problema é que anos antes, foi aprovada a PEC do teto. Isso é, nenhum governante pode gastar mais do que o orçamento estipulado na lei. E esse entrave é um problema para Bolsonaro e para os Chicago Boys da equipe econômica. Se não pode gastar mais, a solução da equipe foi de tirar de quem não tem para dar a quem tem menos ainda. O presidente não gostou e colocou Guedes no banco de reservas. A próxima é vermelho.