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Thomas Toscano

Aleph Piloto- agosto



Bolsonaro quer furar o teto

     

  Sem decidir ainda por qual caminho irá percorrer, Jair Bolsonaro parece estar aproveitando o breve momento em que pode agradar todos os seus alvos ao mesmo tempo. Desde o começo do ano, sua popularidade vem despencando, muito por conta de sua administração desastrosa durante a pandemia e supostos esquemas de corrupção envolvendo seu filho, Flávio Bolsonaro. Despencando, Bolsonaro ainda teve que lidar com a baixa de Sérgio Moro, seu mais famoso ministro, elevando ainda mais as suspeitas sobre sua família.              Porém, como se nada o abalasse, continuou agindo da mesma forma, insultando membros dos outros poderes, como o presidente da câmera Rodrigo Maia (DEM) e o STF. E ainda que essa estratégia funcionasse para agradar sua base mais fiel, acabou desagradando o resto de seus apoiadores, fazendo-o chegar  a apenas 25% de aprovação em Maio. Bolsonaro viu que não poderia seguir por aí, então mudou.                  Passou a lotear cargos no governo para o centrão, se afastou de figuras polêmicas como Abraham Weintraub, que ainda sonha em prender os "vagabundos do STF", e se calou completamente. Recuperando alguma estabilidade com a classe política, ainda era preciso reconciliar-se com os eleitores "traídos". Nesse momento, fez-se muito oportuno o Auxílio Emergencial, que antes era contra, mas agora discute se prolongará até o final do ano. Os 600 reais o fizeram recuperar toda a popularidade perdida em muito pouco tempo, mas o milagre é bem mal visto pelos liberais que votaram nele pensando em um Estado mínimo.               Um desses é Paulo Guedes, que embarcou no governo prometendo mil maravilhas na privatização, cortes de impostos, redução da máquina pública. E vê nas suas mãos uma bomba a explodir. Bolsonaro quer furar o teto de gastos, buscando decolar na popularidade. Mas para isso terá que deixar tudo o que prometeu para trás, inclusive o ministro. 



Anti-Vacina, Pró-Cloroquina

     

  Ainda no discurso de que "a culpa da quebradeira econômica é dos governadores", o presidente Jair Bolsonaro quebrou o silêncio de polêmicas, no qual se manteve por quase um mês, e voltou a todo vapor. Quando perguntado sobre Por que o Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle?, respondeu com a agressividade e ameaçou agredir o repórter que fez a questão, muito repercutida.            Mas não parou por aí, nessa semana afirmou que a vacina para a Covid-19 não será compulsória. Ou seja, o presidente não planeja executar nenhuma campanha assídua de vacinação e parece não se mostrar confortável com relação à qualidade das vacinas em teste. No vídeo em que afirma isso, a apoiadora com quem dialoga afirma que "vacina boa demora anos". Nas entrelinhas moram também desconfianças com vacinas de procedência Russa ou Chinesa. Isso, é claro, não passa de teoria da conspiração.              Não é de se esperar algo diferente de um governo que vai na contra-mão da ciência e do bom-senso. A campanha pelo uso da cloroquina é muito semelhante. Sem eficácia comprovada, sem estudos contundentes, mas só com um feeling de que seria um remédio bom o bastante para voltar ao trabalho.             Entretanto, é no mínimo estranho ver dois comportamentos muito diferentes para dois fenômenos muito parecidos. Com a vacina, todo cuidado do mundo é pouco, já que não há tantos estudos, não se sabe os efeitos colaterais. Mas com a cloroquina, é o oposto, ainda que se saiba de efeitos colaterais comprovados e não se tenha nenhum indício de eficácia. Há mais uma diferença: enquanto as vacinas começam a aparecer na China e na Rússia, a Cloroquina é de origem estadunidense, ideia de Trump, que ao perceber sua ineficácia, exportou tudo para cá. Mas se é dos EUA é bom, segundo o governo Bolsonaro. 



Witzel sofre Impeachment

   

Witzel deu sorte e azar. Deu sorte por ter surgido na política no momento exato em que Jair Bolsonaro ascendeu como bastião da nova-política. Deu sorte por saber surfar a onda bolsonarista, mesmo sem características marcantes de carisma ou ideal, e por encontrar um partido que o acolhesse. Pastor Everaldo, agora condenado à prisão pelo STJ, foi quem o abriu os braços.       Não se sabe a que custo. Wilson Witzel, que se elegeu não só pelo bolsonarismo, mas pelo lava-jatismo, o discurso de honestidade e Bons Costumes. Agora, investigado e afastado do cargo, perdeu seu principal trunfo para uma já improvável reeleição.        Por isso se apega tanto no discurso de perseguição política, apontando Bolsonaro como um dos mentores. Pois, apesar de ter surfado em sua onda, virou as costas ao capitão e, já pensando em alçar vôos maiores, declarou-se como pré-candidato a presidência. Quatro anos antes.            Se não bastasse a prepotência, Witzel considera-se importante a ponto de gerar uma perseguição generalizada, envolvendo o STJ, a Alerj, o Bolsonaro, os guardiões do Crivella e o papa Bento XVI. O que agora parece mais provável é que não soube resistir às tentações dos esquemas do Rio de Janeiro, que perduram há décadas. Deu Azar. 

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