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Enzo Ziravello

O Tombo da Aviação Civil


Texto por Enzo Ziravello


Não é novidade que um dos setores menos resilientes a crises econômicas no mercado é o da aviação civil. Basta uma balançada no bolso da população e pronto, todos começam a cortar gastos e evitam viajar, seja por trabalho ou lazer. O coronavírus, por sua vez, não gerou uma crise econômica qualquer, foi a mais forte, imprevisível e impiedosa já vista nos últimos tempos. Da noite para o dia, o Ibovespa despencou mais de 12% e teve que acionar o tão amedrontador “circuit breaker”. De pouco em pouco, vamos vendo os países se recuperando, elevando suas taxas produtivas e tentando incentivar o comércio e o consumo. Contudo, tudo indica que será um tombo difícil de se recuperar para a aviação civil.


Em um ambiente fechado, com até 300 pessoas dentro e com um vírus de forças avassaladoras, é evidente que as pessoas não pararam de viajar somente para cortar gastos. As medidas internacionais, que tiveram como intuito principal frear a contaminação para outros países também não ajudaram.


Assim, o setor aéreo sentiu na alma como é ser uma flor no meio de um furacão. A primeira vítima foi a Avianca Brasil, que decretou falência no dia 14 de julho e apresentava uma dívida astronômica de mais de R$2,7 bilhões. A LATAM, por sua vez, pediu recuperação judicial nas cortes estadunidenses, recorrendo ao famoso “Chapter 11”. Esta ferramenta dos EUA faz parte do conjunto da “Lei de Falências Americana”, que serve para que a empresa possa renegociar as suas dívidas a fim de evitar declarar falência. Um reflexo do desastre que aconteceu foram as bolsas de valores. A LATAM deixou de valer $12 para valer $1, e outras empresas brasileiras como GOL e AZUL tiveram quedas extraordinárias de mais de 70%.


Para muitos, isso é visto como um grande sinal de que não se deve depositar confiança e dinheiro em empresas aéreas, dado sua fragilidade incomparável nas crises e sua volatilidade incontrolável como empresas de capital aberto. Para outros, esta crise não passa de uma aparente oportunidade de comprar ações a preços “promocionais”. O fato é: empresas aéreas têm um altíssimo custo de operação e, com a crise, terão que ofertar suas viagens por um preço baixíssimo, tornando-as um dos negócios menos rentáveis do mercado. E um dos mais arriscados.


De acordo com o próprio presidente da GOL, Paulo Kakinoff, uma recuperação notória deve ser vista apenas em meados de 2021. Até lá, as companhias aéreas terão que apertar seus cintos de gastos e contar com a bondade e confiança de bancos para conseguirem empréstimos a juros baixos. Outros setores, para terem uma recuperação completa, também terão que ser pacientes com a aviação civil, que movimenta a metalurgia, mercado de querosene e principalmente o de turismo.


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