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Thomas Toscano

Arroz a Mil




Infames trocadilhos à parte, o problema é bem sério. A alta do arroz afeta a vida de milhões de brasileiros, em especial a dos 12,8 milhões de desempregados - mais um recorde para 2020. O cenário não era nada bom no início da quarentena, mas enquanto as taxas de contágio abaixam, a inflação parece aumentar muito.

Segundo o IPC-A, o principal índice de preços no Brasil, houve inflação de apenas 0,24% em Agosto. Entretanto, sua metodologia engloba uma grande variedade de produtos, entre eles a gasolina e outros bens muito pouco utilizados na pandemia. Por isso há uma discrepância entre o índice e a inflação real de muitos alimentos comuns ao consumidor brasileiro.


Vamos as causas: O arroz vem aumentando desde o começo do ano, assim como produtos básicos da culinária brasileira. Isso mostra que não só a pandemia causou essa inflação, mas também outros fenômenos comuns em nosso país: como o modelo primário exportador, que favorece sempre a produção para exportação do que para o mercado interno.

Pois se o país vem tendo recordes de safras ano após ano, ao menos 90% dessa produção é de milho e soja, que são majoritariamente exportados. Não por falta de patriotismo do produtores, mas por uma conta simples. Plantar arroz ou vender para o mercado interno é muito menos rentável que exportar.

Isso se dá principalmente pela alta da taxa de câmbio, já que ao vender para o mercado externo se recebe em dólar, e pela instabilidade do mercado brasileiro. Entretanto, o que de fato desencadeou a alta expressiva foram os efeitos devastadores da pandemia em todo o mundo. Mercado asiáticos de onde o Brasil importa arroz tiveram de barrar exportações para alimentar o próprio povo e, em geral, houve um aumento no consumo por conta da quarentena: todos nós viramos chefs de cozinha.


Resta, porém, um questionamento: por que é que outras nações conseguem conter as exportações em períodos de crise, evitando a piora na qualidade de vida dos mais pobres, mas nós não? Há alguma desorganização no setor logístico, ou há uma dependência tão grande do agronegócio a ponto de deixá-lo controlar nossa economia?

Enquanto as respostas não se revelam, o PF aumenta, o bolso esvazia e a inflação cresce.


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